OS ASPECTOS DA TRAJETÓRIA DO ENSINO DE ARTE NO BRASIL
Por: cidaerauiny • 26/9/2020 • Artigo • 1.789 Palavras (8 Páginas) • 380 Visualizações
CAPITULO I
- OS ASPECTOS DA TRAJETÓRIA DO ENSINO DE ARTE NO BRASIL.
A arte no Brasil torna-se conteúdo pedagógico em 1971 quando de fato passa a ser introduzida no currículo escolar pela Lei de diretrizes e Bases da Educação nacional/ LDB, mesmo o ensino de Arte adquirindo reconhecimento como matéria fundamental para o aluno, sua formulação mediante o ensino aprendizagem ainda permaneceu defasado por um longo período. Ferraz e Fusari (2001) atribuem essa situação à indisponibilidade de professores formados, e a dificuldade diante da formação adequada de professores. Diante de um currículo indefinido, sua prática no ensino passa por dificuldades e as atividades artísticas propostas incluem várias linguagens, como: artes plásticas, artes cênicas, educação musical (BRASIL,MEC,1997, p.24), exigindo do professor polivalência em sua atuação. Diante da cobrança de polivalência existia ainda o agravante de o professor não possuir formação nem mesmo para um dos aspectos do ensino de arte, demonstrando dificuldade em uma atuação eficiente.
Segundo Martins (1998, p.41), a especialidade artística do professor limitava a abordagem das diversas habilidades necessárias para dar aula.
Os professores de desenho, música trabalhos manuais, canto coral e artes aplicadas, que vinham atuando segundo os conhecimentos específicos de suas linguagens, viram esses saberes repentinamente transformados em “meras atividades artísticas”. (Martins, 1998, p.42)
Sendo assim, perde-se a capacidade de desenvolvimento de habilidades referentes à expressão livre, linguagem corporal e sensibilidade, com o desenvolvimento apenas de atividades de execução. O governo faz algumas tentativas de formação para os professores de educação artística, porém com algumas abordagens equivocadas e tira do ensino de Arte a essência, a liberdade de criar.
A Educação Através da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence. (FERRAZ E FUSARI, 2001, p.19).
O sistema de capacitação dos profissionais é visto como defasado e ainda não prepara de forma adequada os profissionais para atender as necessidades complexas das expressões artísticas. Vem no final dos anos 80 quando o livro didático é inserido no ensino de artes, o livro toma papel central e torna-se um manual a ser seguido. É importante ressaltar que segundo argumentações de Aguiar (1980) o livro didático, deve ser contextualizado e instrumento utilizado pelo professor, mas não somente o único recurso utilizado.
Na década de 1980, formam-se movimentos contra ditadura militar, e tais movimentos sociais contribuíram para que os educadores conscientizassem de suas ações políticas. Esse movimento traz clareza para o entendimento da importância do estudo sociocultural onde o aluno tem a necessidade de desenvolver seu lado crítico social e sua capacidade de interpretação de informações. Neste período o movimento que enfatiza a arte educação é construído por professores de Arte da educação formal e não formal ambos buscando a valorização dessas características diante do ensino de Arte, nesse período a pesquisadora Ana Mae Barbosa ganha destaque, idealizadora de uma abordagem que prioriza a conscientização, e qualidade do ensino de arte. ( BRASIL, MEC,1997,p. 25)
Ana Mae Barbosa sistematiza alguns aspectos do ensino de Arte, reconhecido como “Abordagem Triangular”, essa proposta aparece pela primeira vez no final da década de 80, ANA Mae Barbosa identifica uma seqüência de ações necessárias para desenvolver com eficácia o ensino de Arte, a primeira característica dessa pesquisa é a proposta de despertar no aluno o olhar critico, através da leitura, vem então um olhar para apreciação, também como segundo ponto importante traz para o aluno o fazer, a vivência da prática artística e por ultimo a contextualização o conhecer a arte considerando seu contexto histórico, seu tempo e espaço.
Contudo a década de 90 é realmente crucial para que o ensino de arte tome seu lugar no currículo pedagógico e atenda de fato a necessidade de alunos e professores. Um Plano Nacional de Educação é criado através do comprometimento do governo brasileiro com o Art. 9º, da LDB 9394/96, na mesma época foi elaborado o Plano Decenal de Educação para todos – 1993-2003 para cumprir com a legalidade, tal plano aparece para fortalecer a lei 1988, e assim foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, que organizaram para cada disciplina, as habilidades, os objetivos e os conteúdos que deveriam ser abordados, nasce assim um currículo norteador dos aspectos diante do ensino de Arte que devem ser desenvolvidos pela escola.
A necessidade e a obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no campo curricular capazes de orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá‐lo aos ideais democráticos e à busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras. (BRASIL, 1997, p. 14).
Um conjunto de orientações para o trabalho pedagógico nas escolas públicas, visando tornar não só o aluno autônomo, mas também o professor, aparece com o lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacional de Arte – PCNs/Arte, lançado pela Secretaria de Ensino Fundamental do Ministério da Educação. Um documento que contribui de maneira importante para o ensino da Arte e desmistifica o ensino de Arte como passa tempo, de fato traz um conceito de conhecimento tão importante quanto os outros. O ensino de Arte torna-se de fato campo de conhecimento importante como qualquer outra matéria.
- A proposta triangula no ensino de Arte
Ana Mae Barbosa é uma das principais referências quando falamos da proposta triangular no ensino de arte. No final da década de 80, três ações: Apreciar - realizar leituras, despertando no aluno o olhar crítico, fazer - proporcionar vivência da prática artística e contextualizar – conhecer a arte considerando seu contexto de tempo e espaço, essas vertentes do ensino são apresentadas como os três principais aspectos estudados para que o ensino de Arte seja realmente conceituado e vivido pelo aluno, ANA Mae Barbosa trabalhou em pesquisas sobre o tema educação e o ensino de Arte, assim sistematizou a proposta da “Abordagem Triangular” com o propósito que o Ensino de Arte fosse elaborado para atender as necessidades do aluno, visando à importância de suas vivencias e práticas. A proposta triangular permeia grande parte dos programas de ensino de Arte no Brasil, essa metodologia inicialmente foi realizada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e desde então trouxe a ideia de possibilitar um ensino que desenvolve a criatividade, o fazer artístico, a postura critica e as reflexões a cerca da produção desses fazeres artísticos, essa sistematização permite um olhar para todos esses passos e competências desenvolvidas. Sobre o objetivo de se Ensinar Arte na escola, afirma Barbosa:
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