PATRIMÔNIO, NEGOCIAÇÃO E CONFLITO
Por: cah.piupiu • 27/9/2019 • Relatório de pesquisa • 651 Palavras (3 Páginas) • 359 Visualizações
PATRIMÔNIO, NEGOCIAÇÃO E CONFLITO - Gilberto Velho
1 - Qual a contradição na compreensão do tombamento do terreiro de
candomblé que se coloca no processo?
O relator do tombamento do terreiro de candomblé Casa Branca, em Salvador
- Bahia, relata os processos e conflitos no feito histórico do Conselho do Patrimônio
Histórico e Artístico, que segundo ele, “pela primeira vez na história, reconhecia a
tradição afro-brasileira”, oficialmente pelo Estado Nacional. Sua narrativa nesse
texto, apresenta os detalhes de uma votação inamistosa, ao qual há uma série de
interesses em negociação, o primeiro confronto vinham de opositores que relataram:
“que não era possível tombar uma religião”, eles seguiam um outro tipo de política
de patrimônio, não se utilizavam da figura do tombamento para análise desse caso;
já Gilberto Velho com veemência afirma: “a vida da cidade de Salvador não poderia
ser compreendida sem essa percepção”, para Gilberto o terreiro de Casa Branca
que obtinha uma tradição de mais de 150 anos, com certeza desempenhava um
importante papel na simbologia e no imaginário dos grupos ligados ao mundo do
candomblé e aos cultos afro-brasileiros em geral. Ele destaca a cultura como um
fenômeno abrangente que inclui todas as manifestações materiais e imateriais,
expressas em crenças, valores, visões de mundo existentes em uma sociedade, isso
porque, os conselheiros que haviam argumentado que não se podia “tombar uma
religião”, certamente entendiam que o tombamento de centenas de igrejas e
monumentos católicos teria se dado apenas por razões artísticas -arquitetônicas, o
que não nos parecia correto.
Por esse motivo, o antropólogo Gilberto, teve trabalho ao contestar essa
lógica que representava às perseguições e à intolerância manifestadas durante
séculos pelas elites e pelas autoridades brasileiras contra as crenças e os rituais
afro-brasileiros (ver Maggie 1993). Além disso, essa discussão foi feita em 1984,
onde o tombado ainda era somente aplicado a bens móveis, ou seja, objetos, ou a
imóveis, os prédios; a discussão sobre o patrimônio imaterial, festas populares,
expressões artísticas, conhecimentos tradicionais, veio somente anos mais tarde,
em 2000.
2 - Quais os argumentos que Gilberto Velho utiliza para justificar aquele
tombamento?
Para o autor, o tombamento deve ser uma garantia para continuidade da
expressão cultural que tem na Casa Branca, um espaço sagrado que ele vê como
“um fato social, um terreiro em plena atividade, com seus fiéis, sacerdotes e ritual
em pleno dinamismo”. Gilberto analisa que nas grandes cidades contemporâneas, a
atividade religiosa, com seus rituais e crenças, tornam se essenciais para a
construção e a dinâmica das identidades, é firme em alegar que estava em
discussão a própria identidade da nação brasileira, e a partir
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