Estudo Dirigido - Teoria de Malthus
Por: Lino Santos • 3/7/2018 • Abstract • 1.918 Palavras (8 Páginas) • 304 Visualizações
Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Objetivo
Estabelecer à luz da Ecologia de Populações e de aspectos socioeconômicos uma crítica à “Teoria Populacional” do economista britânico Thomas Malthus (1766–1834), publicada em 1798 no livro “Ensaio Sobre o Princípio da População”, apontando os erros já evidenciados nessa teoria através de diversos dados apurados desde a sua formulação.
Introdução
Ao longo dos últimos séculos várias teorias foram elaboradas para tentar explicar o crescimento populacional. As três que mais se destacaram foram: a malthusiana, a neomalthusiana e a reformista.
A Teoria de Malthus, ou teoria malthusiana, é baseada no princípio da escassez e afirma que a população humana tende a crescer muito mais rápido do que a produção de alimentos. Segundo ele, a população mundial cresceria em um ritmo acelerado de progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64...) enquanto a produção de alimentos cresceria em um ritmo mais lento, comparado a uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6...). A consequência seria uma crescente incapacidade de produzir alimentos para toda a população levando à uma pobreza extrema, fome, epidemias e graves distúrbios sociais. Malthus considerava alguns desses fatores como uma espécie de intervenção da própria natureza agindo de forma a reestabelecer um equilíbrio populacional.
A teoria malthusiana é bastante alarmista e catastrófica pois apregoava que ao final de um período de apenas dois séculos o crescimento da população seria 28 vezes maior que o crescimento da produção de alimentos.
Apesar de bastante contestada nos dias atuais, à sua época essa teoria causou grande impacto tendo inspirado cientistas como Charles Darwin e Alfred Russel Wallace a elaborar a mecânica da seleção natural onde a competição por recursos escassos e sucesso reprodutivo diferencial surge como condutor da evolução.
A Teoria Neomalthusiana deriva, com o nome diz, do pensamento de Malthus e se firmou entre os demógrafos após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em função da explosão demográfica ocorrida nos países subdesenvolvidos. Ela segue a mesma ótica alarmista e catastrófica, argumentando que se o crescimento populacional não for impedido os recursos naturais da Terra se esgotarão em pouco tempo. Também afirmam que a baixa renda per capita de um país ocorre em função da explosão demográfica no mesmo.
Mas enquanto Malthus, por sua formação religiosa, era estritamente contra o uso de contraceptivos e pregava a sujeição moral de adiar ao máximo os casamentos, a castidade, a abstinência sexual e, por fim, a limitação voluntária do número de filhos como forma de controle da população, os neomalthusianos pregam uma forma de controle na qual o Estado deveria patrocinar todo o tipo de assistência visando o controle de natalidade, inclusive aborto, vasectomia, ligadura de trompa, distribuição gratuita de anticoncepcionais, assistência médica para uso de dispositivos intrauterinos (DIU’s), etc. E tal como ocorre na China, até mesmo a proibição de um número de filhos superior ao estabelecido pelo Estado. Sob a denominação do “Planejamento Familiar” algumas dessas práticas são aceitas e adotadas por entidades mundiais tais como ONU, FMI, Banco Mundial, UNICEF, entre outros, nos países subdesenvolvidos e ajustadas a cada população.
Já a Teoria Reformista é totalmente contrária à de Malthus e afirma que não é o crescimento da população que gera a pobreza, mas é a pobreza que gera a superpopulação. Eles atribuem essa pobreza à má divisão de renda na sociedade, ocasionada, sobretudo, pela exploração a que os países desenvolvidos submetem os países subdesenvolvidos. Essa teoria defende que numa sociedade mais igualitária nas condições de bem-estar, as pessoas teriam acesso à educação, saúde, higiene, etc., o crescimento populacional desenfreado não ocorre.
Outra crítica dos estudiosos reformistas aos malthusianos diz respeito ao crescimento da produção. Como vimos, para Malthus esta crescia em ritmo inferior ao da população. Para os reformistas, contudo, isso também não é verdadeiro, pois, o início da revolução industrial e a consequente revolução tecnológica, tanto da agricultura quanto da indústria possibilitaram o aumento da capacidade produtiva, tornando-a capaz de suprir as necessidades da população.
Há ainda graves questões éticas e morais que derivam das teorias malthusianas pois num cenário de escassez gerador de conflitos, os formuladores de políticas públicas podem ser levados a adotar o darwinismo social e a eugenia, resultando em medidas drásticas para restringir o tamanho das famílias de determinadas populações, incluindo as esterilizações forçadas. Uma política adotada a partir de uma casta de “superiores” que olham para os mais pobres não como consequência, mas como geradores dos problemas econômicos.
Comparativo aumento da população X produção atualmente
Uma das falhas mais evidentes da Teoria de Malthus é que sua previsão de colapso iminente na produção de alimentos não se refletiu na realidade. A tabela abaixo com dados da FAO (Food and agriculture organization), órgão das Nações Unidas mostra uma situação completamente diferente. No geral, a variação na produção de alimentos foi maior do que a da população mesmo considerando uma área cultivada menor no período.
Indicadores da evolução populacional e da produção agrícola mundial entre 1975 e 2005 | |||
Indicadores | 1975 | 2005 | Variação (%) |
População total (milhões) | 3.693 | 6.453 | 74,74 |
Produção (milhões de toneladas) | 1.225 | 2.219,4 | 81,18 |
Área cultivada (milhões de hectares) | 695 | 681,7 | -1,91 |
Produtividade média (mil kg/hectare) | 1,76 | 3,26 | 84,71 |
Oferta per capita anual (kg) | 310,00 | 340,00 | 9,68 |
Fonte: FAO, 2006
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