RESENHA CRÍTICA: A peleja do povo contra o dragão de ferro
Por: Adriana Almeida • 5/9/2019 • Trabalho acadêmico • 426 Palavras (2 Páginas) • 2.035 Visualizações
RESENHA CRÍTICA: A peleja do povo contra o dragão de ferro
A peleja do povo contra o dragão de ferro. Direção: Murilo Santos. Seminário internacional Carajás 30 anos. Duração: 1h10m.
O filme, a peleja do povo contra o dragão de ferro, produzido pelo seminário Internacional Carajás 30 Anos, retrata as problemáticas a cerca da implantação do programa grande Carajás e da exploração Companhia Vale do Rio Doce. Ele expõe a realidade da população, a margem do desenvolvimento econômico, atingida pelas políticas de modernização nos estados do Pará e Maranhão.
O projeto grande Carajás conta com Usinas hidrelétricas, siderúrgicas, indústria de alumínio, instalações portuárias, base para estocagem e processamento de ferro, projeto de monocultura da soja e eucalipto e as estradas de ferro. A hidrelétrica Tucuruí foi o marco do projeto pois viabilizou a energia para as indústrias elétricas extensivas.
Além de tudo isso, ainda existe a estrada Ferro Carajás (EFC) operada pela empresa Vale S.A que passa pelo porto do Itaqui (MA), Marabá (PA) e Parauapebas (PA). Ela tem gerado impactos a população local como a desapropriação de terras, desmatamento, poluição sonora, morte por atropelamento e outros. Segundo o filme, estima-se, no período de 10 anos, a morte de uma pessoa a cada mês por atropelamento.
Em decorrência disso, não houve melhorias na região assim como não gerou empregos e sim o aprofundamento da desigualdade social aliado ao conluio existente do Estado brasileiro e as corporações, colocando os interesses econômicos sob direitos humanos fundamentais como a vida, a nossa identidade nacional e cultural. Como ocorreu com o povo indígena Awá Guajá que perdeu território.
O IDH (índice de desenvolvimento humano) da população que vive no entorno dessas áreas é baixíssimo, ocorrendo elevado grau de exploração da força de trabalho humana, ausência de saúde e educação e altos índices de violência. Portanto, o projeto desenvolvimentista Carajás promoveu apenas o crescimento econômico das corporações, distribuindo de certa forma a intensificação da concentração de terras, a violência urbana, inchaço urbano e maior concentração de renda.
Por fim, o filme expõe de forma eficiente e clara a realidade de muitos brasileiros habitantes dessas áreas afetadas, dando voz a essas pessoas que se encontram a margem do desenvolvimento e em relação de submissão perante as grandes empresas. Desse modo, a produção desse filme proporcionou a integração de vários movimentos sociais, como o Movimentos dos sem terras, dos povos indígenas e quilombolas, pesquisadores, universitários e a população brasileira em geral. Chamou a atenção das classes políticas e da mídia quanto a profundidade dos impactos socioambientais decorrentes da exploração exacerbada dos recursos minerais e dos conflitos fundiários.
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