Novo Ensino Médio
Por: Andre Aguiar • 2/5/2017 • Dissertação • 509 Palavras (3 Páginas) • 344 Visualizações
NOVO ENSINO MÉDIO: FALSA LIBERDADE
Andre Aguiar - 85544
De forma nebulosa, a Reforma do Ensino Médio foi aprovada no fim do último ano, mas a discussão do tema ainda está longe de acabar. A mudança acontece de forma gradativa pelos próximos anos, com um novo currículo norteado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), obrigatório e comum a todas as escolas. A BNCC definirá as competências e conhecimentos essenciais que deverão ser oferecidos a todos os estudantes na parte comum (com carga horária de 1800 horas), abrangendo as 4 áreas do conhecimento e todos os componentes curriculares do ensino médio definidos na LDB e nas diretrizes curriculares nacionais de educação básica.
Outra mudança considerável é a diferenciação entre disciplinas obrigatórias e optativas. As disciplinas obrigatórias nos três anos de ensino médio serão língua portuguesa e matemática. O restante do tempo será dedicado ao aprofundamento acadêmico nas áreas eletivas (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza ou Ciências Humanas) ou a cursos técnicos.
O principal argumento desta proposta de um novo Ensino Médio diz respeito à liberdade que o estudante tem de determinar o que deseja ou não estudar. O estudante abriria mão da “decoreba” em matérias às quais não tem aptidão e se dedicaria às disciplinas que gosta mais ou tem mais afinidade. Outro ponto positivo é a autonomia que a BNCC confere aos entes federados e às escolas. Cada estado e o Distrito Federal organizarão os seus currículos considerando a BNCC e as demandas dos jovens, que terão maiores chances de fazer suas escolhas e construir seu projeto de vida.
Contudo, o novo Ensino Médio oferece apenas uma impressão falsa de liberdade. A reforma prevê que os alunos possam escolher entre cinco áreas de conhecimento, mas são as secretarias de educação que vão escolher quais áreas vão aplicar e qual será a disponibilidade de cada turma. As escolas não serão obrigadas a oferecer todos os itinerários formativos, mas deverão contemplar pelo menos um. Matérias fora das áreas escolhidas pela escola não serão lecionadas. Além disso, os gastos necessários para a nova estrutura das escolas poderá ser utilizado como principal consideração na hora de cada escola tomar a decisão – instituições privadas sairiam na frente de escolas públicas, o que pode aumentar a desigualdade na concorrência por vagas em um trabalho, um concurso ou uma universidade.
Outro ponto polêmico diz respeito à duração do dia letivo. Atualmente, são obrigatórias quatro horas diárias de aulas no Ensino Médio. A intenção da reforma é também tornar obrigatório aos alunos permanecerem sete horas diárias nas escolas, tornando-se ensino integral. Uma carga horária tão alta em uma idade onde os estudantes estão, em parte das vezes, procurando o primeiro emprego, poderia aumentar a evasão escolar, principalmente nas classes mais baixas da população.
Todos concordamos que é realmente necessário investir mais e melhor na educação do país e repensar o processo de ensino e aprendizagem no Brasil. Mas, apenas articulando um diálogo com todos os envolvidos nesta estrutura (professores, alunos, pedagogos, famílias...), é que conseguiremos construir uma realidade onde todos os jovens tenham de fato condições dignas e as mesmas oportunidades.
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