Desenvolvimento Cognitivo: Percepção
Por: krc123 • 12/10/2015 • Trabalho acadêmico • 795 Palavras (4 Páginas) • 493 Visualizações
Desenvolvimento Cognitivo
- Percepção
De acordo com o autor, para a psicologia tradicional, a percepção visual consistiria em um processo natural, cujo acesso seria possível através de métodos da ciência natural.
No entanto, com o desenvolvimento da Psicologia, essas noções naturalísticas tiveram suas bases abaladas. Passa-se, então, a entender a percepção como “um processo complexo estruturalmente similar aos processos subjacentes às atividades cognitivas mais complexas” (Luria, 1990). De acordo com Jerome S. Bruner, é um processo ativo capaz de classificar informações novas em categorias conhecidas, estando relacionado às funções de abstração e generalização da linguagem.
Por possuir aspectos que mudam com o desenvolvimento histórico, como os sistemas de codificação e a decisão de situar os objetos em categorias apropriadas, encontra-se similaridade entre o processo perceptual e o pensamento gráfico.
Conforme aponta o autor, estudos buscam revelar se há mudanças na classificação das cores e das figuras geométricas de acordo com o desenvolvimento da cultura. Alguns resultados mostram que o desenvolvimento dos nomes das cores está associado à prática, afetando a percepção.
Há um número limitado de nomes gerais para as categorias de cores dentro das línguas modernas. Apesar de alguns casos ainda persistirem, perdeu-se muito a conexão entre esses nomes e os nomes de objetos.
A partir de experimentos, verificou-se que “processo de classificação das cores assume a forma familiar de manipulação de categorias de cores, abstraindo-se as nuanças diretamente percebidas de brilho e saturação”, concluindo que possivelmente ocorreram profundas mudanças psicológicas.
A percepção de figuras geométricas esteve entre os mais relevantes campos de pesquisa da psicologia em meados do século XX. A Gestalt buscou descrever as leis básicas da percepção estrutural na tentativa de encontrar os processos que uniam a Psicologia e a Física e compunham as bases naturais dos processos cognitivos humanos. Contudo, no estudo da percepção geométrica utilizou-se um tipo de indivíduos muito limitado, apenas sujeitos bem educados.
Partindo dessa premissa, surgiu a suposição de que a percepção das figuras geométricas seria condicionada pela experiência prática do indivíduo. Há pesquisas que sustentam essa ideia sugerindo que esse processo depende consideravelmente das condições culturais.
A partir de observações, estudiosos perceberam que, de acordo com as condições culturais, a maneira de enxergar as formas geométricas pode desenvolver padrões de percepção da estrutura geométrica distintos dos padrões apresentados pela Gestalt.
Indivíduos que tiveram experiência escolar e, portanto, os processos cognitivos desenvolvidos por meio de educação formal, tendo contato com conceitos geométricos abstratos, mostram maior facilidade em designar as figuras por classes geométricas do que aqueles que, diferentemente do primeiro grupo, tiveram o desenvolvimento da percepção influenciado pelas atividades práticas concretas de formas orientadas por objetos.
Quanto às ilusões visuais, apesar de pouco estudadas, acredita-se que estejam relacionadas a fatores fisiológicos, de modo que dependam do movimento do olhar conforme passa pela área da figura. Dessa forma, quase nunca são consideradas dependentes do desenvolvimento cultural e histórico.
De acordo com o autor, há uma estrutura semântica complexa envolvida na percepção visual e esta está baseada em um sistema que muda com o desenvolvimento histórico. Diferentes tipos de processamento da informação visual estão incorporados a ela. A partir desta hipótese, supõe-se também que a percepção visual se modifica com a transição de condições históricas mais complexas de formação dos processos cognitivos.
Devido à escassez de estudos acerca do assunto, ainda há poucos dados que sustentem a ideia de que as ilusões visuais sejam historicamente condicionadas. Isto porque a psicologia da percepção desconsiderou por muito tempo a suposição de que as ilusões visuais sofreriam variações de acordo com a cultura e, portanto, poderiam resultar de outros fatores além de leis fisiológicas.
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