O uso do crack
Por: Jheniferevictor1 • 3/5/2015 • Projeto de pesquisa • 2.423 Palavras (10 Páginas) • 206 Visualizações
INTRODUÇÃO
Este trabalhotem como objetivos oportunizar os alunos o conhecimentos sobre as ações políticas institucionais sobre o uso do crack no Brasil no âmbito da saúde pública e a identificação das mesmas na cidade de cada um, ou até mesmo na região, tendo em vista as graves conseqüências do uso abusivo dessa substância para as relações sociais na contemporaneidade, será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, mas que também trará entrevistas com pessoas ligadas a esse tema.
No que se faz interessante saber que o crack é um tema bastante extenso e toma uma direção sem dimensão do grave problema relacionado à saúde pública hoje no Brasil e o que as autoridades estão fazendo para que se possa estar erradicando do nosso meio esse tão grande mal.
Na nossa região não é diferente. Neste contexto realizaremos aqui uma entrevista com profissionais na área de saúde e que estão direta ou indiretamente ligados a esse problema e que podem estar nos passando o que de mais recente se sabe sobre o uso do crack.
O ENFRENTAMENTO DO PROBLEMA DO CRACK NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA
O consumo alarmante do crack e outras drogas já se tornaram uma realidade diante da sociedade e pode ser visto claramente por onde se passa.
A circulação de crack está tão fácil nos dias de hoje que jamais podia se pensar que essa realidade poderia ficar muito próxima e que a sociedade pagaria um preço tão alto por alguns erros e os seus malefícios chegariam de uma maneira muito rápida e os danos visivelmentese tornariam um caso de saúde pública no país e até mesmo no mundo.
O crack se espalhou pelo país e é confirmadamente um dos principais problemas para a maioria dos municípios brasileiros, sobrecarregando os sistemas de saúde local.
Hoje é encontrado facilmente em todos os locais que se possa imaginar e consumir de maneira bem aberta, faltando o respeito por quem não faz uso. Não somente a classe pobre faz uso, já é realidade que em todas as classes sociais o problema se faz presente e os danos são iguais ou até pior.
É uma droga que causa dependência e danos físicos rapidamente e que apesar dos indícios do uso entre pessoas da classe média, afeta mais diretamente populações mais vulneráveis.
O consumo de substâncias tem elevada prevalência no Brasil, gerando diferentes demandas em atenção à saúde. O crack, cocaína fumada, tem elevado potencial de gerar danos diversos. Sintomas depressivos e ansiosos, sejam comorbidades ou decorrência do consumo, determinam menos motivação para a mudança e menor adesão ao tratamento. (CARLINI, 2006).
O atendimento aos usuários de drogas no Sistema Único de Saúde (SUS) tem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como referência. Os CAPS garantem a oferta de atendimento especializado próximo ao local de moradia dos usuários, mas têm sido descritos problemas no acesso, além de evidências de estigmatização no vínculo com os CAPS. (IBIDEM).
O estudo do crack é recente no Brasil. Maior número de usuários, maior visibilidade social emaior demanda sobre os serviços de saúde levam à necessidade de ampliação deste campo de estudo. (ARAÙJO, 2008).
O planejamento de ações nessa área depende de maior apropriação de dados sobre a população usuária do crack e daqueles que buscam atendimento no sistema público de saúde. Estudos de resolutividade dos serviços precisam ser precedidos pelo reconhecimento do perfil da população que chegará aos serviços. Eventuais seletividades põem em risco o princípio da universalidade que rege o SUS. (CUNHA, 2004).
Na cidade de Petrolina não é diferente quando se trata de uso do crack entre jovens e adolescentes e já evidenciamos durante a elaboração desse trabalho que até pessoas da terceira idade também estão dentro desse contexto.
Conversamos com o psiquiatra Dr. Antonio Plauto, que na oportunidade nos explica que esse tipo de droga tem uma imensa facilidade em fazer com que as pessoas logo após o primeiro trago se viciem pela forma suave que tem e pela facilidade de adquirir nos meios sociais.
O psiquiatra ainda nos esclarece que todas as classes sociais estão envolvidas nesse tipo de problema e que diante de tantos males que causam a saúde, o Ministério da Saúde já mantêm em sua estrutura e pauta programas relacionados a erradicar esse problema.
O mesmo ainda nos explica como funciona o tratamento na região e as melhoras que vieram logo após a secretaria de saúde da cidade de Petrolina ter implantado o CAPS AD para tratamento direcionado para esses usuários ecomo os mesmos são recebidos e como o tratamento é feito, diante de uma expectativa de resultados positivos.
Drº Antonio Plauto em conversa conosco diz que como psiquiatra ele acredita que todo usuário deve ser visto como cidadão comum. O único problema que diferencia o mesmo é o vicio e que muitas vezes os mesmos são vitimas da sociedade que é preconceituosa e por algum motivo nega emprego ou alguma oportunidade e com isso os mesmos se revoltam e entram nesse mundo das drogas que muitas vezes não tem volta.
Também tivemos o prazer de conversar com a Assistente Social Neide Nunes e na oportunidade direcionamos algumas perguntas onde a mesma foi muito simpática em nos responder e esclarecer nossas dúvidas. As perguntas foram às seguintes:
Geralmente o usuário de crack começa como e por quais motivos?
Não existe motivo específico para a questão do uso do crack. A maioria deles começa usando outras drogas, a mais comum é o álcool, após o uso contínuo o organismo com o álcool somente não terá, mas o mesmo prazer que teve no primeiro contato, então ele acaba passando a utilizar outras drogas. Há outros que usam pela primeira vez por causa de questões psicológicas, problemas familiares ou sociais.
Quais os danos que o crack causa no corpo humano? Quais são os principais efeitos do crack sobre o psiquismo do sujeito?
O uso intensivo do crack causa o emagrecimento, pois os usuários param de se alimentar ficando assim desnutridos, sem higiene, fisicamente há muitos danos.A questão da dependência química age diretamente no sistema nervoso central afetando a área cognitiva causando perda de memória, diminuição da massa encefálica e lapsa.
Em percentual qual a faixa etária e sexo?
Acima de 18 anos, não há um percentual específico, a maioria é do sexo masculino o percentual chega a ser de 90%.
Há quanto tempo o Caps- AD funciona nessa região?
Desde 2006, acabamos de comemorar seis anos.
Como é realizado o tratamento de dependentes químicos nos Centros de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas (Caps- AD)?
O tratamento é realizado de forma que o usuário possa ter contato com a família e com a sociedade, não utilizamos a internação, disponibilizamos café da manhã e almoço, o horário de funcionamento são até o meio dia, eles tem a possibilidade de trabalhar. Há o processo de desintoxicação sabemos que o dependente químico será sempre um dependente, por isso ele precisa de um acompanhamento, até porque trabalhamos com a possibilidade da recaída.
É realmente muito difícil recuperar um viciado em crack? Por quê?
Sim, porque é uma doença crônica que precisa de um tratamento e de um acompanhamento, a droga fica instalada no sistema nervoso, na corrente sanguínea e é preciso muita motivação para largar o vício.
É verdade que depois do primeiro contato com a droga o indivíduo se torna um viciado?
Não necessariamente, depende de cada organismo, ouço muito falarem sobre isso, mas é um mito.
No Nordeste, especificamente em Petrolina hámuitos usuários?
Com certeza, há muitos e aumentam cada vez mais, inclusive já falam sobre epidemia do crack.
Qual a classe social mais afetada pelo crack?
Independente, pode acontecer com qualquer pessoa, ocorre com famílias de nível social bem baixo e, famílias de nível bem alto, porém realmente estão mais sujeitas as famílias menos favorecidas.
Como lidar com usuário de drogas?
Na realidade a sociedade ainda estigmatiza, porque ela não conhece e nós como sociedade devemos conhecer a história da saúde mental no nosso país para podermos saber tratar um dependente.
A dependência química deve ser tratada como um problema de saúde pública ou uma questão de segurança?
Saúde publica, atualmente mudou bastante essa questão, estão começando a perceber que retirar os viciados da cracolândia não vai resolver o problema da dependência. É preciso oferecer serviços para esses indivíduos, associados a outras medidas, como a de saneamento, por exemplo.
O governo brasileiro realmente investe em políticas públicas de enfrentamento ao crack?
Eles falam muito sobre, mas, pouco faz. Precisam tirar do papel e por em prática. As políticas públicas são muito recentes e realizadas pelo governo federal, governos estaduais e municipais, de uma maneira que poderia ser melhor integrada. Para você ter uma idéia, até 2003 não havia serviços para tratamentos específicos ambulatoriais para dependência química. Havia apenas seis serviços: três em São Paulo, um na Bahia, um no Rio e um em PortoAlegre.
Outra profissional que foi muito importante nesse trabalho e para nossa pesquisa foi à enfermeira Zilene Castro, que é Coordenadora do DST/AIDS na vizinha cidade de Juazeiro, com especialização em Saúde Pública pela FUNASA, nos esclareceu outras importantes informações quando se trata de um usuário de crack.
A referida enfermeira nos mostrou através de planilhas que o uso do crack na nossa cidade e região tem aumentado muito nos últimos tempos. A população jovem e os adolescentes são os mais envolvidos nesse tipo de droga.
Podemos estar verificando que muitos já contraíram o vírus da AIDS e são acompanhados pela referida instituição como muitos dão inicio e depois desaparecem, precisando que se faça uma busca ativa dos mesmos para dar continuidade ao tratamento.
A enfermeira nos diz que na maioria eles ficam rebeldes e não aceita o problema, outros até aceitam, mas preferem não tratar dizendo que como estão é bem melhor do que ficar tomando um monte de remédios.
Para a senhora Zilene o problema há muito tempo já é um problema de saúde pública e que várias ações já estão sendo usadas por instituições que trabalham ligadas e relacionadas ao uso do crack no Brasil como os CAPS AD, que para a mesma foi um dos melhores investimentos e criação do Ministério da Saúde no sentido de tratar essas pessoas que se encontram em uso indiscriminado das drogas e mais especificamente o crack.
A saúde pública hoje está cada vez mais necessitada de tratar pessoas com essetipo de problema. Os números crescem cada vez mais e se torna assustador diante do crescimento, logo que são muitos os investimentos tanto de ordem financeira como de programas e projetos para que possa estar solucionando. Até porque não é somente a população pobre como se via antigamente que estava dentro desse contexto, mas sim por atingir todas as classes sociais e as grandes metrópoles e todas as regiões de nosso país. Termina a enfermeira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos está concluindo o nosso trabalho, o que podemos dizer é que o crack é um problema a muito tempo de saúde pública e que todos os órgãos que se relacionam a intermediação desse problema hoje no país, procuram atuar na prevenção do uso de drogas e mas certo do crack, por que é o que mais se destaca nos dias de hoje.
De acordo Araújo,(2008), nos diz que:
A distribuição dos usuários segundo o sexo, semelhante em todos os estudos, remete à determinação histórica e social do fenômeno, envolvendo questões de gênero. Em 2005, no Brasil, homens consumiam mais crack do que mulheres. No Sul, a diferença reduzia, com o risco relativo (RR) para o consumo de crack entre os homens igual a 5,5, tendo o consumo pelas mulheres como referência, enquanto no Brasil todo o RR era de 7,5. Nos CAPS deste estudo, a proporção de homens que buscaram atendimento em função do crack, em relação às mulheres, caiu para 4,5. Maior participação de mulheres na clientela dos CAPS pode apenas acompanhar a tendência delasbuscarem mais os serviços de saúde que os homens mas, garantia de vagas para as usuárias de crack, principalmente em período gestacional, deve ser lembrada .
O Sistema Único de Saúde adota uma concepção ampliada de atendimento, que abrange assistência e o acompanhamento do paciente por meio dos CAPs, das equipes que atuam na Estratégia Saúde da Família, dos Consultórios de Rua, das Casas de Acolhimento Transitório, de terapia ocupacional e, para casos necessários, medicamentos e internação hospitalar, a qual deve ser vista como uma das possibilidades de tratamento, conforme o diagnóstico médico e o perfil do paciente.
As diferenças em relação aos estudos de base comunitária sugerem algum tipo de seleção para o acesso de usuários de crack aos serviços do SUS, como parece ocorrer em outras áreas. (ARAÙJO, 2008).
As condições clínicas e o padrão de consumo do crack são considerados graves e compatíveis com o descrito em outros estudos, mas o perfil socioeconômico é diferenciado e isto não se deve à realidade dos municípios, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo demográfico de 2010, a incidência de pobreza era semelhante entre os três municípios, em média: 28,22%. Pessoas com maior comprometimento social parecem não chegar às redes de saúde, o que remete à necessidade dos municípios programarem estratégias de facilitação do acesso, com maior envolvimento de agentes comunitários de saúde, com os Programas de Redução de Danos(PRD) ou com os Consultórios de Rua, ou outras ações de aproximação entre comunidade e serviços. Outra opção é a maior oferta de estratégias focais, centradas na definição de objetivos terapêuticos e na própria motivação para o tratamento. (CUNHA, 2004).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Carlini EA, Galduróz JC, Noto AR, Carlini CM, Oliveira LG, Nappo SA, et al. II levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do Brasil - 2005. São Paulo: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas; 2006.
Cunha PJ, Nicastri S, Gomes LP, Moino RM, Peluso MA. Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares. Rev Bras Psiquiatr 2004.
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Araujo RB, Oliveira MS, Pedroso RS, Miguel AC, Castro MGT. Craving e dependência química: conceito, avaliação e tratamento. J Brás Psiquiatra 2008.
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