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Os Genes de Papel Resenha Crítica

Por:   •  29/7/2021  •  Resenha  •  1.601 Palavras (7 Páginas)  •  139 Visualizações

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Equipes de cinco estados identificam sequências de DNA que podem tornar o eucalipto

mais resistente à seca e às doenças

Nos próximos meses devem brotar no laboratório do agrônomo Ivan de Godoy Maia, em

Botucatu, interior de São Paulo, os primeiros pés de tabaco com uma característica especial:

genes que não são originalmente dessa planta de folhas verde-claras grandes, largas e

Uma das metas: controlar genes ativos nas folhas para aumentar a defesa contra fungos e insetos

EDUARDO CESAR

Os genes do papel : Revista Pesquisa Fapesp https://revistapesquisa.fapesp.br/os-genes-do-papel/

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macias, mas do eucalipto, árvore de até 35 metros de altura e folhas duras em forma de

lança. Desde o final de 2005 Maia trabalha na preparação de seis genes dessa árvore

aparentemente ativos em um único tecido vegetal – a folha, o caule, a raiz, a flor ou o fruto –

para implantá-los no tabaco. A razão para produzir pés de tabaco transgênico é que essa

planta cresce e atinge a fase reprodutiva em cerca de seis meses, ao menos 12 vezes mais

rapidamente que o eucalipto. Assim, é possível confirmar em pouco tempo em qual tecido

vegetal cada um desses genes atua e sua provável função. Controlar esse ou outros genes é o

primeiro passo para criar árvores de eucalipto mais resistentes à seca e às pragas ou capazes

de produzir madeira de melhor qualidade para a extração de celulose e a produção de papel.

Esses experimentos com tabaco ou com outra planta-modelo, a Arabidopsis thaliana, são o

que os geneticistas chamam de genoma funcional – neste caso, é a terceira etapa do projeto

Genoma Eucalipto, o primeiro genoma de árvore sequenciado no Brasil. Espera-se que em

alguns anos os resultados obtidos em laboratório formem plantações mais produtivas de

eucalipto. Natural da Oceania, essa árvore foi introduzida no país no início do século 20 por

Edmundo Navarro de Andrade para produzir dormentes para as ferrovias que avançavam

pelo interior paulista. O Brasil possui a maior área plantada no mundo destinada a fins

comerciais. São 3,5 milhões de hectares que garantem ao país a posição de 7º produtor

mundial de celulose e 11º de papel, atividades responsáveis por 4% do Produto Interno

Bruto, ou R$ 80 bilhões.

A busca de variedades de eucalipto geneticamente modificadas é a parte final de um projeto

de sequenciamento de genes que começou em 2001 e, com um perfil pouco comum no país,

aproximou universidades e empresas. Na fase anterior, chamada data mining ou mineração

de dados, encerrada no fim de 2005, foram identificados genes que podem contribuir para o

aprimoramento dessa árvore. Com o auxílio de programas de computador equipes de 20

laboratórios do Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo

vasculharam 123.889 segmentos de genes. Esse total corresponde a quase 15 mil genes que

haviam sido sequenciados pelo consórcio Genoma Eucalipto (Forests), formado pela

FAPESP e por quatro empresas do setor de madeira, papel e celulose – Duratex, Ripasa,

Suzano e Votorantim -, com a colaboração das equipes do projeto Genomas Agronômicos e

Ambientais (AEG).

No data mining os pesquisadores compararam os genes de cinco espécies de eucalipto

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comuns no país – Eucalyptus grandis, E. urophylla, E. camaldulensis, E. saligna e E.

globulus – com genes já conhecidos de plantas como o tabaco, o álamo e a Arabidopsis. E

descobriram quase 200 genes produtores de proteínas do sistema de defesa contra

patógenos e 15 outros responsáveis por um complexo de proteínas que silencia outros genes.

Outros resultados são relatados nos 19 artigos do suplemento da revista Genetics and

Molecular Biology de novembro de 2005. “Esses e outros genes deverão servir como

indicadores de características que se deseja reproduzir nas plantas”, diz o engenheiro

florestal Luis Eduardo Aranha Camargo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

(Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), coordenador da segunda e da terceira fases do

Genoma Eucalipto.

Nos últimos 40 anos técnicas de melhoramento genético tradicional como as usadas no

século 19 pelo monge e botânico austríaco Gregor Mendel, um dos fundadores da genética,

possibilitaram um aumento de até quatro vezes na produtividade dos eucaliptais brasileiros.

A produção de madeira por hectare de floresta subiu de 12 metros cúbicos por ano na década

de 1960 para até 50 metros cúbicos. Essa produção anual corresponde a uma sala de 5

metros de comprimento por 4 de largura cheia até o teto com a madeira obtida pela

derrubada das árvores plantadas em uma área equivalente a um quarteirão.

Mas nem sempre o

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