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Resenha Crítica - Personalidade, ideologia e psicopatologia crítica

Por:   •  2/10/2018  •  Resenha  •  681 Palavras (3 Páginas)  •  546 Visualizações

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MOREIRA, Virgínea e SLOAN, Tod. Personalidade, ideologia e psicopatologia crítica, São Paulo: Escuta, 2002. Capitulo 12, p. 207-229.

No capítulo doze, da obra Personalidade, ideologia e psicopatologia crítica, os autores abordam o tema psicopatologia e pobreza, onde através de uma linguagem bastante acessível, relatam sobre a relação entre pobreza e adoecimento psíquico.

 À medida que crescem os índices de desigualdade social e pobreza no mundo em que vivemos, cresce também os índices epidemiológicos de desordens emocionais.

No entanto, em nossa sociedade existe a noção de que pobre não tem problema psicológico, seus problemas são vistos como sendo de ordem material, econômica ou física, é raro encontrar serviços de atendimento psicológico que de fato funcionem em hospitais e postos de saúde que atendem a população de baixa renda, quando existe, não há uma estrutura ou mesmo uma sala de atendimento para que os serviços possam ser viabilizados. A privacidade, assim como o espaço individual ainda são, de certa forma, considerados como pertencentes a classe dominante.

Aos poucos esta noção vem sendo substituída pela ideia de que “pobreza é uma doença” cujos sintomas podem ser tratados com remédios, psicofármacos são prescritos para aliviar os sofrimentos psíquicos causados pela situação de pobreza, criando a ilusão de que a dor se foi até surgir novamente a necessidade do próximo comprimido. Desta forma, um problema que é principalmente social e político, é tratado como sintoma psiquiátrico.

Os autores explicam como o aumento da pobreza e da miséria é fruto do sistema capitalista, cada vez mais temos o aumento da desigualdade social e a privação do poder através do consumismo, famílias da classe trabalhadora são simplesmente incapazes de manter certos padrões de vida, sendo excluídos socialmente em um sistema que considera muitas vezes a pobreza como falta de capacidades, que culpa o pobre por ser pobre. Isto traz consequências psicopatológicas aos indivíduos que se encaixam em tal situação, tais como baixo autoestima, depressão, diminuição da satisfação com a própria vida e descontentamento geral.

Em nossa sociedade, crescimento econômico não significa necessariamente desenvolvimento social, as oportunidades de saúde, educação, emprego, não são iguais para todos. Esta é uma realidade que afeta diretamente a saúde mental dos indivíduos, pois se cria uma instabilidade social e econômica que inspira insegurança e instabilidade emocional o que contribui para o surgimento de psicopatologias.

A pobreza muitas vezes traz consigo a pobreza de autoestima, que ocorre de várias formas e é responsável pela depressão, pelos sentimentos de angústia, pela ansiedade e insegurança. Essa pobreza de autoestima pode ser originada de uma cultura onde o pobre é considerado inútil, preguiçoso, improdutivo e acaba assim interiorizando esta opinião opressora, acreditando em sua própria incapacidade. Quando o pobre perde seu valor ele passa a desacreditar em si e no mundo. Atravessa então um processo ainda mais agudo de desinvestimento de poder e cidadania que poderia ser caracterizado como niilismo, que é um estado psicológico caracterizado pela falta de sentido e finalidade da vida. Isto contribui para imobilização do pobre que sente que nada pode ser feito, através do niilismo o ser humano inexiste enquanto projeto, sendo transformado em ”objeto passivo”, portanto um “doente”.

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