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DA NOÇÃO DE CRIME A NOÇÃO DE ATO INFRACIONAL: A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS

Por:   •  4/5/2019  •  Monografia  •  3.338 Palavras (14 Páginas)  •  202 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DA NOÇÃO DE CRIME A NOÇÃO DE ATO INFRACIONAL:

A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS

MICKAELEN RAMOS

FLORIANÓPOLIS

2010


MICKAELEN RAMOS

DA NOÇÃO DE CRIME A NOÇÃO DE ATO INFRACIONAL:

A construção de um sistema de garantia de direitos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em História.

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Universidade Federal de Santa Catarina

Orientadora: Silvia Maria Fávero Arend

FLORIANÓPOLIS

2010


Resumo  

Este trabalho apresenta um breve histórico sobre a infância no periodo do Brasil Colonial e no Império. Discute a política aplicada à criança e ao adolescente no séc. XX e especificamente as concepções assistenciais e jurídicas na legislações menoristas que levaram a conquista do Estatuto da criança e do adolescente numa nova conjuntura de garantia de direitos. Questiona as concepções de crime e as penas aplicadas aos menores, ao longo da construção de uma cidadania e de uma postura educativa.

Palavras- chaves

Legislação Menorista. Crime. Prisão. Sociedade Civil, Estado e Família. Estatuto da Criança e do Adolescente. Ato infracional. Medidas Sócio-educativas. Construção de Direitos. 


Sumário

  1. Introdução..................................                                                               05
  2. História da criança no Brasil: aspectos jurídicos de proteção e

 vigilância.                                                                                            ...........09

  1. Do Crime ao ato infracional...........................
  2. Da prisão a medida-socio educativa...............                                          .21
  1. Considerações Finais...............                                                                 .42
  2. Bibliografia ...........                                                                                   .46

1 Introdução

Minha pesquisa tem o intuito de revelar se foi somente com a criação do Estatuto da Criança da Criança e do adolescente que surgiu, juridicamente, uma posição do Estado em dar um atendimento especial aos problemas da infância com o crime. Para tal, buscarei respostas nas legislações menoristas de 1927 e 1979 e do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, além dos conceitos de crime e menoridade constante no Código Penal de 1890 e 1940. Trabalharei com um debate bibliográfico interdiciplinar discutindo o histórico de políticas assistencialistas e debates jurídicos sobre os problemas da infância no Brasil do século XX.

Pressupostos:

  • O problemas da infância delinqüente está relacionado a pobreza e a urbanização presentes no surto urbano-industrial?
  • O problema da infância era diferente? O sujeito problemático era a figura do “menor” abandonado e delinqüente que surge no início da República com o fim da escravidão, e devido ao pouco trabalho disponível e pais entregues a bebida e vadiagem?
  • O problema da infância remonta ainda mesmo do Brasil Colônia, ou do Império?

  • 2 História da criança no Brasil: aspectos jurídicos de proteção e vigilância.

2.1 Da noção de crime a noção de ato infracional

Ainda no Brasil Colonial as crianças foram instrumentos utilizados pelos conquistadores para impor hábitos e costumes do colonizador. Através dos jesuítas se catequizavam as crianças indígenas com o intuito de educarem futuros súditos submissos ao regime colonial.

A infância é percebida como momento oportuno para a catequese porque é também momento de unção, iluminação e revelação. Mas além, é o momento visceral da renúncia, da cultura autóctone das crianças indígenas, uma vez que certas práticas e valores ainda não se tinham sedimentado.[1]

A assistência a infância brasileira era prestada pela Igreja Católica, através dos Jesuítas e sob orientação do Governo Português. Com a expulsão dos jesuítas e a proibição de escravizar índios, surge no Brasil uma nova economia de mão de obnra escrava vinda da África para colonizar o litoral.

Os escravos, adultos e crianças, eram explorados na economia da época. Era alta a mortalidade das crianças devido às precárias condições em que viviam. Em 1871, foi assinada a Lei do Ventre Livre, em que as crianças das escravas nasciam livres. Porém como seus pais ainda eram escravos ficavam sob domínio de seus senhores, que podiam mantê-las até os 14 anos, e mais tarde requerer indenização ao Estado, ou ressarcir seus gastos com elas, mediante seu trabalho até os 21 anos.

Com o advento da República surgem novas estruturas impulsionadas pela industrialização. O nacionalismo aflorado faz com que, a exemplo no que acontece na Europa Contemporânea, a criança passe a ser objeto de preocupação do Estado e da Sociedade Civil. É nesta época que surgem estudos a cerca da higiene e saúde da criança e da juventude – Puericultura. A má-condição de moradia e higiene é o principal motivo da alta mortalidade das crianças nos centro urbanos. Além disso, já que a nova consciência que se abre é que a criança será o futuro cidadão dessa República que nasce, há uma  preocupação com os habituais crimes cometidos por menores desde o Brasil Império, preocupando-se então o estado de educa-la intelectual e moralmente. É preciso cuidar das crianças que são o futuro da nação.

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